Todos sabemos que a colaboração e a aprendizagem peer-to-peer fortalecem nosso trabalho. Assim sendo, muitas organizações sem fins lucrativos e financiadores, incluindo a IAF, têm buscado cultivar espaços para seus participantes ou donatários colaborarem e trocarem informações, como plataformas de troca de conhecimento e comunidades de prática. No entanto, esses recursos, potencialmente valiosos, às vezes não são devidamente aproveitados ou seguem vazios. Dados digitais obsoletos vagam por fóruns desocupados enquanto os arquivos de recursos acumulam poeira…  

Sua organização já lançou uma comunidade de prática online sem sucesso ou você está se preparando para lançar uma? Então este artigo é para você!   

RedColaborar é uma comunidade de prática online para organizações de base na rede da IAF se reunirem com colegas e compartilharem webinários, oficinas, recursos e materiais. Em 2015, tentamos lançá-la pela primeira vez, com êxito parcial. Desde setembro de 2020, a IAF tem trabalhado para construir a RedColaborar por meio de um acordo de cooperação com a MAKAIA, uma organização sem fins lucrativos com sede em Medellín, na Colômbia, especializada no desenvolvimento da competência da sociedade civil por meio da tecnologia, inovação e colaboração internacional. 

Nós pedimos conselhos aos colaboradores da MAKAIA sobre a melhor forma de construir comunidades de prática vibrantes, ativas, úteis e autossustentáveis. Com base em seus sucesso na preparação da RedColaborar no ano passado, eles afirmaram que tudo se resume a dois princípios: cultivar a cocriação e priorizar a criação da comunidade

Cultivar a cocriação

A primeira pergunta ao criar uma comunidade é: “Queremos que essa comunidade seja composta por participantes ou cocriadores?” Em outras palavras, estamos procurando membros da comunidade para participar de eventos ou conversas lideradas por uma organização ou um grupo de orientação? Ou queremos que eles se sintam proprietários, propondo e liderando suas próprias atividades e discussões? 

Os dois níveis de participação não são mutuamente exclusivos, é claro, mas há benefícios visíveis em promover uma comunidade cocriada: ela empodera os membros, cria capacidade, torna a comunidade mais resiliente e gera relacionamentos pessoais que vão além de tarefas específicas.

Outros benefícios da cocriação incluem:

  1. Aumento da criatividade: Os líderes de um espaço podem propor boas ideias, mas utilizar as ideias dos membros expande as possibilidades. Os membros da RedColaborar, por exemplo, propuseram novas dinâmicas de interação para reuniões e novas ferramentas de trabalho, como Murally, Canvas ou Jamboard. A MAKAIA e a IAF conseguiram até mesmo levar algumas dessas ideias para seus próprios locais de trabalho para enriquecer suas práticas.
  2. Expansão do alcance: Os membros são mais propensos a trazer suas próprias redes quando são eles que lideram um evento ou compartilham um recurso. A MAKAIA usou abordagens como “convide um amigo” e grupos de WhatsApp para cada país da rede para aumentar as conexões entre os membros e incentivá-los a compartilhar eventos.
  3. Retorno imediato: Como os membros têm voz ativa e direito a voto nas decisões referente ao planejamento de eventos, é mais fácil para a comunidade adaptar o conteúdo e as ferramentas às suas necessidades. Em uma sessão de discussão quinzenal permanente, os membros da RedColaborar compartilham suas opiniões sobre como a comunidade está crescendo e progredindo. 

O processo de construção de uma cultura de cocriação leva tempo e investimento significativo, e os resultados não são imediatos. É um desafio conectar culturas, idiomas, contextos e programas diferentes e realistas das organizações da região. A MAKAIA e a IAF transformaram esse desafio em uma fonte de rica diversidade usando ferramentas, serviços de interpretação e materiais de treinamento.

Priorizar a criação da comunidade

É fácil pensar que a primeira coisa que você deve fazer ao construir uma plataforma de conhecimento online é criar a plataforma em si e oferecer uma gama de ferramentas e espaços atraentes para os usuários. Mas se você apenas construir, as pessoas podem não participar. 

A MAKAIA começou a desenvolver a comunidade de prática realizando uma série de encontros em que 50 organizações donatárias da IAF de diferentes países se conheceram, trocaram ideias e refletiram sobre o que poderiam fazer com a RedColaborar. A partir daí, essas reuniões se tornaram oficinas de cocriação mais direcionadas para definir o propósito da comunidade e gerar ideias de como torná-la realidade. As oficinas foram produtivas, pois as organizações já haviam construído amizades sólidas e dinâmicas de colaboração saudáveis. 

As comunidades definiram seu propósito para tornarem-se “organizações da sociedade civil com um legado de paz, inclusão e bem-estar para as gerações presentes e futuras da América Latina e Caribe”. Elas lançaram seis iniciativas lideradas pelos próprios donatários abordando diferentes necessidades da comunidade, incluindo webinários, uma feira anual, uma biblioteca online de publicações dos donatários e uma iniciativa para mapear os pontos fortes organizacionais. Desse modo, a MAKAIA foi capaz de desenvolver uma nova plataforma personalizada às necessidades identificadas pelos donatários. Se a organização tivesse tentado desenvolver a tecnologia antes de ativar e fortalecer a comunidade, correria o risco de ter uma plataforma bonita sem que houvesse ninguém interessado em se conectar por meio dela. 

A amizade é uma das partes mais importantes da construção da comunidade, pois esse vínculo é o que diferencia uma comunidade de qualquer outro grupo ou associação de pessoas. Na RedColaborar, espaços sociais como os cafecitos virtuais (intervalos para café) geraram entusiasmo pelos espaços de treinamento.

Como você pode estabelecer uma comunidade em que as pessoas realmente participem?

No fin