Sara Aviel é presidente e CEO da IAF desde abril de 2022.
O que a atraiu para a IAF?
Fiquei entusiasmada com a oportunidade de dar continuidade ao legado grandioso e impactante que a IAF vem desenvolvendo. A IAF tem um dos melhores modelos de desenvolvimento e sempre esteve muito à frente de seu tempo. Há cinquenta anos, fazer doações diretamente aos grupos de base era considerado radical, mas atualmente isso é reconhecido como uma boa prática para o desenvolvimento comunitário. O modelo da IAF provou ser eficaz, mas ainda há muito a ser feito. Quando você pensa nos grandes desafios enfrentados pela região e pelo mundo, como migração, alterações climáticas, violência, acredito fortemente que os líderes de bases precisam receber mais recursos para o desenvolvimento internacional.
O que você fazia antes de trabalhar na IAF?
Sempre fui apaixonada e quis fazer a diferença no mundo, assim que eu busquei encontrar uma forma eficaz de fazê-la. No início, eu trabalhei para as organizações de desenvolvimento internacional CARE e Mercy Corps, assim como para o fundo de investimento social sem fins lucrativos Root Capital. Em cada uma dessas organizações, vi como era importante trabalhar com as comunidades locais para promover a mudança. Em seguida, fiz parte da administração do governo Obama, onde tive o privilégio de formular políticas nos mais altos níveis durante oito anos. A princípio, atuei como consultora sênior do Secretário do Tesouro durante a crise financeira global. Depois, dirigi assuntos econômicos internacionais no Conselho de Segurança Nacional e no Conselho Econômico Nacional. Posteriormente, atuei como representante dos Estados Unidos nos conselhos executivos do Grupo Banco Mundial e, finalmente, voltei à Casa Branca como parte da equipe sênior do Gabinete de Administração e Orçamento. Depois de deixar o governo, criei minha própria empresa de consultoria, e trabalhei para várias organizações privadas, multilaterais e sem fins lucrativos. Estou ansiosa para usar minha experiência, habilidades e relacionamentos para promover as importantes metas da IAF.
Como é seu dia-a-dia como presidente e CEO?
É bem abrangente, porque nossa equipe é bem pequena, mas com um impacto grandioso. Meu trabalho e o trabalho da maioria dos funcionários da IAF, consiste em desempenhar todas as funções das grandes organizações, mas com uma equipe bem menor. Desde a contratação até a aquisição e aprovações de doações, minha função envolve extensas responsabilidades de gestão. O processo também envolve a representação da IAF fora da nossa organização, por isso estou frequentemente em conexão com grupos de interesse, como membros do Congresso, outras agências governamentais, e parceiros filantrópicos. Desde que comecei em abril, tenho gostado muito de me reunir com os membros da equipe e aprender como cada um deles contribui para a nossa missão.
A melhor parte do meu trabalho é conhecer os donatários e ver o impacto do nosso trabalho na realidade. Durante a IX Cúpula das Américas, em junho, entrei em contato com vários líderes da sociedade civil e jovens de organizações donatárias da IAF. Depois, em agosto do ano passado, visitei donatários em Honduras. Estou ansiosa para ir à República Dominicana com nosso Conselho de Administração no próximo mês para supervisionar alguns projetos que financiamos no país. Espero poder dedicar mais tempo a viagens para a América Latina e o Caribe daqui para a frente.
Qual é a parte mais emocionante do seu trabalho?
O trabalho que nossos donatários desempenham. O impacto é muito abrangente. Quando você vê de perto o trabalho dos nossos donatários, conversa com eles e lê sobre as doações que estamos financiando, você tem uma visão mais completa da razão pela qual a abordagem de base faz sentido. Cada projeto é multidimensional, aproveita recursos ou instituições locais e únicas, aborda uma série de desafios e alcança as comunidades mais necessitadas.
A outra emoção é imaginar tudo que ainda podemos fazer. Acabamos de receber 12% de aumento no nosso orçamento do Congresso, um dos maiores durante toda a história da IAF. Isso nos permitirá ter um impacto ainda maior. Também estamos investindo em sistemas e plataformas em resposta às necessidades e ideias das comunidades locais para que elas possam aprender e cooperar entre si. Estamos aprofundando nosso trabalho de monitoramento, avaliação e aprendizagem para melhorar o cálculo do nosso impacto e nossa abordagem. Estou animada para incorporar ferramentas inovadoras e fortalecer o nosso relacionamento com nossos grupos de interesse para que possamos contar com mais parceiros. O legado da IAF é muito rico, mas também existe um potencial que ainda não foi explorado, e isso é incrivelmente empolgante.
Você veio para a IAF de entidades muito maiores que trabalham em uma escala maior. O que há de diferente em trabalhar em uma pequena agência focalizada em desenvolvimento de base?
Uma diferença é que podemos ver nosso impacto diretamente. Como uma pequena agência que concede doações a organizações de base, estamos muito próximos ao trabalho dos líderes da sociedade civil, na linha de frente.
Em segundo lugar, a nossa estrutura nos permite trabalhar na base da comunidade, algo que nem todos podem fazer. Grandes instituições contribuem para o desenvolvimento de várias maneiras importantes. Entretanto, uma organização que lida com dezenas de bilhões de dólares por ano vai enfrentar grandes dificuldades se tentar priorizar um pequeno e incipiente grupo indígena para o qual US$ 30.000 a US$ 50.000 podem fazer uma grande diferença. Você precisa de abordagens diferentes e de uma estrutura diferente para atingir a base da comunidade. A IAF é um importante complemento ao trabalho das entidades maiores.
Por fim, o foco nas bases comunitárias não significa que o potencial de crescimento seja pequeno, ou que o financiamento deva continuar sendo pequeno. As doações para organizações lideradas pela própria comunidade podem ser pequenas, mas as possibilidades de expansão para toda a região são infinitas. Eu consigo ver a IAF assumindo um papel de liderança mais forte na defesa do desenvolvimento de base, compartilhando o nosso modelo e as experiências obtidas ao longo dos nossos 50 anos de experiência. Como outras organizações doadoras e agências governamentais e parceiras estão reconhecendo a importância do desenvolvimento liderado pela comunidade, a IAF pode ser um recurso para aumentar os financiamentos para as organizações lideradas pelas pessoas mais afetadas pelos desafios principais da região.
Quando você não está trabalhando, o que você faz?
Quando não estou no trabalho, gosto de passar tempo com a minha família. Eu costumo assistir jogos de futebol, beisebol e basquete com meus filhos, de sete e cinco anos, nos fins de semana. Temos em comum o amor pela vida natural e gostamos de passar tempo junto à natureza, explorando a vida ao ar livre. Também desfrutamos de jantares familiares frequentes com meus pais, que se mudaram para Washington, DC, há um ano, depois de mais de 50 anos morando na Califórnia.